sexta-feira, 30 de agosto de 2013

ASA BRANCA - LUIZ GONZAGA




"Quando olhei a terra ardendo

Qual fogueira de São João

Eu preguntei a Deus do céu, uai

Por que tamanha judiação



Que braseiro, que fornaia

Nem um pé de prantação

Por farta d'água perdi meu gado

Morreu de sede meu alazão



Inté mesmo a asa branca

Bateu asas do sertão

"Intonce" eu disse adeus Rosinha

Guarda contigo meu coração



Hoje longe muitas léguas

Numa triste solidão

Espero a chuva cair de novo

Para eu voltar pro meu sertão



Quando o verde dos teus oio

Se espalhar na prantação

Eu te asseguro não chore não, viu

Que eu voltarei, viu

Meu coração."



Este é o nordestino Luiz Gonzaga, intérprete de Asa Branca, que ficou conhecido em todo o Brasil como o "Rei do Baião".





Esta é a ave "asa branca" que deu nome à canção composta por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.



O sertão nordestino é castigado com a falta de chuva. 


As dramáticas secas da região acontecem por duas

razões principais.


Primeiro: os ventos que refrescam o sertão não


conseguem trazer a umidade que causa chuvas nas 


áreas vizinhas, seja o litoral do Nordeste, o Sudeste do 


País ou a região amazônica.


Segundo: o semi-árido quase não tem lagos e rios 


volumosos, que poderiam induzir à formação de 


aguaceiros locais.





Até agora, o século XX foi um dos mais áridos, registrando nada menos que 27 anos de estiagem. A seca mais longa começou em 1979.
Na "terra ardendo qual fogueira de São João", 50% do gado morreu por falta d’água, a desnutrição explodiu e milhares de pessoas morreram de sede e fome. O verde da plantação só começou a brotar novamente com o retorno das chuvas cinco anos depois, em 1983.



A parte mais afetada pela falta de chuvas é o chamado Polígono das Secas, uma área de mais de 1 milhão de km2, espalhados por oito estados nordestinos (só o Maranhão fica fora) e pelo norte de Minas Gerais. Nessa região, não há rios caudalosos ou grandes lagoas capazes de fornecer umidade para provocar chuvas locais.



     À noite, enquanto tomava conta dos meus sobrinhos, Ricardo e Flávia (lá pelos idos de 1978), preparava as aulas que daria no dia seguinte.

     Em um dos livros didáticos que usava, havia a letra de ASA BRANCA para ser explorada na interpretação, estudo gramatical, etc. 
     Além do texto, havia uma bela ilustração que remetia à situação descrita: a pobreza, o sol ardendo, o homem a cavalo, a despedida...
     Um dia, cantarolei a música e o menino, sem desgrudar os olhos das ilustrações, pôs-se a chorar compadecido...
     Ricardo ficou de tal forma tocado em sua sensibilidade que nunca mais tive sossego... Tão logo tomava meu material de trabalho (professor trabalha muito em casa, sabe?) já ouvia seu pedido para olhar o livro e ouvir a música.
     Assim ele tomou conhecimento da triste situação experimentada pelos nordestinos nas regiões da seca...


     









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