Obs.: escolhi este vídeo, entre outros com André Rieu, pois achei-o muito adequado à letra da música quanto às imagens que são apresentadas no decorrer da execução.
Quando eu era menininha Perguntei a minha mãe o que eu seria Eu serei bonita? Serei rica? E ela me disse assim:
Refrão:
Que será, será Aquilo que for, será O futuro não se vê Que será, será.
Quando eu era uma criança na escola Perguntei ao meu professor o que deveria tentar Deveria pintar quadros? Deveria cantar músicas? Esta foi sua resposta sensata:
Refrão
Quando cresci me apaixonei Perguntei ao meu amor, o que virá depois Haverá arco-íris Dia após dia? E o meu amor me disse:
Refrão
Agora eu tenho meus filhos Eles perguntam a própria mãe o que vão ser? Vou ser bonito? Vou ser rico? Digo-lhes carinhosamente assim:
Que será, será Aquilo que for, será O futuro não se vê Que será, será.
Gravada em 1956, pela atriz norte-americana Doris Day, esta é uma música que estava adormecida na minha mente.
Desde que a encontrei, no You Tube, sendo executada pela Orquestra do magnífico André Rieu, pus-me a buscar a letra.
Só me lembrava do refrão.
Na verdade, a parte mais importante, mais significativa, mais digna de ser memorizada é mesmo o refrão:
"Que será, será / Aquilo que for, será / O futuro não se vê /Que será, será".
Palavras de sabedoria.
Com elas podemos responder, ensinar, aceitar, enfrentar e conviver com muitas situações, mesmo aquelas que nos corrói, que nos deixam de mãos atadas, aquelas das quais nada entendemos e pouco esperamos de sucesso ou alegria.
A letra cuja tradução correspondia à que eu me lembrava só fui encontrá-la no blog almabionica.blogspot.com, de Betty Cires, que me permitiu reproduzi-la aqui.
Quem nunca ouviu dizer: "O futuro a Deus pertence"?
Não consegui confirmar se esta é uma citação bíblica ou é ditado popular.
Corresponde, sem dúvida, ao refrão da música.
É a pura realidade, mesmo que nos machuque ou nos cause desalento.
A verdade é que só Deus conhece o futuro.
"O futuro não se vê"... Como foram felizes os autores ao compor esta letra!
Biblicamete falando, está totalmente de acordo com o que Jesus nos ensinou:
"Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado". Mateus 6, 34.
Quem me conhece, vai dizer naturalmente: está falando para si mesma.
E está absolutamente certo.
Pois não é também verdade que, quando expressamos qualquer opinião ou emitimos um parecer cheio de certeza, quem primeiro ouve não são os ouvidos de quem fala? Ou seja, quem primeiro ouve o que ensinamos somos nós mesmos.
Vinte e cinco anos após a catástrofe por que passei, já bem esfolada e calejada, consigo ver neste refrão o que Jesus, o Senhor, nos ensina
e que é tão difícil pôr em prática.
Mas a única saída é vivermos um dia de cada vez. Sem querer prever o futuro.
Conheci dois textos do livro "Minha Vida de Menina", antes de 1976, quando dava aula no extinto Colégio Cenecista João XXIII aqui em Varre-Sai. Constavam do livro de Português adotado pela Escola e destinavam-se à interpretação, estudo do vocabulário, ortografia, etc. Sempre os guardei na memória. Eram bons. Um dos textos relatava uma visita que a menina fizera a uma família amiga, na companhia de sua avó Teodora. Helena (pseudônimo adotado pela autora), levou um grande susto quando a dona da casa serviu o alimento dentro de um objeto de louça (como uma terrina ou sopeira), mas com asa só de um lado! A avó explicou-lhe que era gente simples e não deveria saber a que se destinava a louça. Eu conheci um: era de uma antiga senhora, daqui mesmo, e fazia parte das compras ou presentes do seu casamento. Tinha até uma tampa. Era uma peça bonita, distinta. A louça tinha desenhos em alto relevo também na cor branca. O destino: urinar e defecar, pois as casas antigas não tinham banheiro. No dia seguinte, alguém ia dar cabo do dejeto, jogando na privada (ou casinha, como era chamada aqui). A privada era construída sobre uma valeta. A limpeza era concluída na "bica" com certeza. Também era comum o uso de uma bacia e jarro de louça para lavar o rosto e escovar os dentes. Talvez formasse um conjunto com a peça descrita acima. Muitos ainda possuem bacia e jarro e usam como objeto decorativo. Devia ser assim também na empobrecida Diamantina/MG do final do século XIX, cidade onde morava Helena, a despeito da ostentada riqueza da região proveniente dos áureos tempos de exploração de diamantes. Ano passado, adquiri o livro, publicado pela Companhia das Letras. Li tão rápido quanto possível, embora seja um livro para ser lido devagar, degustado, apreciado. Foi escrito sem pretensão de virar livro. E é um livro de referência histórica de Diamantina. Helena, por sugestão de seu pai (filho de um médico e fazendeiro inglês que habitara na localidade), começou a escrever sobre os acontecimentos que lhe chamavam a atenção. Suas anotações foram feitas de 1893 a 1895. Seu "diário" reflete não só sua vida de menina pobre (lar, escola, amigos, brincadeiras...) mas é, também, um retrato do cotidiano da Diamantina do final do século XIX que já possuía Escola Normal (para formar professores) mas ainda não dispunha de estrada de ferro. Delícia de leitura! Há quem julgue que houve alguma correção quando Alice, em 1942, consentiu na publicação dos seus manuscritos. Ja era, então, a senhora Alice Dayrell Caldeira Brant, da sociedade carioca. Eu, particularmente, não penso assim. Ela era uma menina muito esperta e absorvia tudo o que falavam e faziam. Exemplo disto é o termo que ela usou em uma das suas redações - às águas - e que o professor sublinhou e anotou ao lado a palavra correta (aziago). Ela não tinha dicionário, reproduzia, pois, o linguajar do seu meio, com simplicidade e autenticidade. O valor do livro está na sua linguagem vigorosa e na estrutura de romance. Tão logo foi publicado, caiu nas graças do público e dos críticos literários. É considerado um "clássico" da nossa literatura. Imagine a surpresa de Alice! Procure ler o livro. Você não se arrependerá.
SOBREIRA ou SOBREIRO é uma árvore da família do carvalho, cultivada no sul da Europa e a partir do qual se extrai a CORTIÇA. É uma espécie que requer solo úmido, relativamente profundo e fértil. Distribui-se pela península ibérica e por alguns locais mais úmidos do norte da África. Em Portugal, o sobreiro predomina ao sul do rio Tejo e surge naturalmente. Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. A extração da cortiça não é prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de casca (súber) com idêntica espessura a cada nove - dez anos, época em que é submetida a novo descortiçamento.
A casca do sobreiro - CORTIÇA - é um tecido vegetal formado por microcélulas, geralmente em forma poliédrica, sendo os espaços intercelulares preenchidos por uma mistura gasosa idêntica à do ar. Características especiais da cortiça - é leve, resistente ao desgaste, impermeável, elástica mas de dimensão estável, com ótimas capacidades de isolamento térmico e vibrátil. Grandemente usada na produção de rolhas para engarrafamento de vinhos e outros líquidos, é usada, também, na fabricação de inúmeros utensílios. As naus quinhentistas eram naus de cortiça. Também usada na fabricação de bancos, gamelas, sapatos, arcas, etc. A cortiça misturada com a borracha é usada, atualmente, na indústria naval e automobilística. O Sobreiro tem sido, ainda, fonte inspiradora de pintores, poetas e escritores. Vejamos estes versos antigos:
Eu sou a nobre sobreira, Sou das árvores principais; Desejo saber, oliveira, Qual de nós valerá mais.
Eu sou na serra criada Como tu és igualmente, Dou aumento a muita gente, Tu pouco lhe «dias» «ó» nada. Há muita gente elevada Que por mim «alvora» bandeira. Em toda a Nação inteira Eu rendo muitos milhões. Tenho fama nas nossas nações, Eu sou a nobre sobreira.
Para mim fábricas se «têm» feito Em vilas, aldeias e cidades; Dou para comprar propriedades E faço torto do direito. Há pessoas de respeito Que por mim juntam cabedais. Dou sustento aos animais Com o meu fruto de valor; Dou riqueza ao lavrador; Sou das árvores principais.
Dou cortiça de valia, Da minha casca se faz tinta; Sou a árvore mais distinta Que se encontra hoje em dia; Para «milhor» galantaria, Há muita gente estrangeira Que faz de mim madeira, Móveis para pessoas de bens. E tu qual é o valor que tens? Desejo saber, oliveira.
Responde e vê o que dizes, Que eu tenho mais que dizer. O teu valor não dá para Ter Mais do que eu homens felizes. Não quero que me escandalizes Na resposta que me «dais». Se contra mim te «levantais», A repetir frases me obrigas, Mas depois que tu me digas Qual de nós valerá mais
Oliveira respondendo à Sobreira
Ó alta, nobre sobreira! Porém a saber te dou: Se muita valia tens,Eu a mais valerosa sou. Se noutro tempo tu davas No ano quatro novidades, Com todas essas verdades O valor não me tiravas. Até aqui só escutavas O menos valor da Oliveira, Mas a valia verdadeira Desde já dou-te a saber. Escuta o que te vou dizer, Ó alta, nobre sobreira!
P’lo dilúvio universal, Quando o castigo foi mandado, Vê se o meu ramo sagrado Foi ou não um bom sinal, Quando a pomba de um casal No meu raminho pegou E a Noé o entregou, Dando prova do mundo novo. Na presença desse povo, Porém, a saber «te» dou.
Que mesmo daí p’ra cá Adora-me o povo inteiro. Até o meu ramo no dinheiro À tua direita está. Árvore nenhuma haverá Que mereça tantos bens. Sobre mim para combater? Em breve te faço ver Se muita valia tens.