Antigamente, no registro de óbito de muitas crianças, "ataque de bicha" era o que constava como "causa mortis".
Morriam de infestação de lombrigas ou, tecnicamente falando, de "ascaridíase".
Ascaridíase é uma doença conhecida como lombriga ou bicha e é causada por um verme cilíndrico, chamado Ascaris lumbricoides.
Esse parasita está presente em quase todos os países do mundo, principalmente nas regiões mais quentes e mais pobres. Infecta homens e mulheres, em qualquer idade, porém as crianças são, com certeza, as mais atingidas.
Ceres Sarmento Zambrotti contou-me que, pesquisando em um livro antigo de Registro de Óbitos, encontrou o fato acima.
Ambas participávamos, na época (entre 1987 e 1999), da Conferência São José Operário, Sociedade São Vicente de Paulo, Paróquia Nossa Senhora da Natividade.
Ceres (já falecida) era Escrivã do Cartório do Registro Civil de Natividade, RJ.
Não é de se estranhar.
Em cidades pequenas do interior do Brasil do início do século XX, não havendo médico, a "causa mortis" era fornecida pelo farmacêutico prático ou pelo próprio declarante.
Posso dizer isto porque trabalhei, por vários anos, no Cartório do Registro Civil e de Notas de Varre-Sai, então Segundo Distrito do Município de Natividade.
Contam que era triste de se ver.
Lombrigas saindo pelo nariz, ouvido, boca...
Sucede que, se uma pessoa infestada por lombriga morrer, a tendência é que, devido à queda na temperatura corporal, os vermes comecem a sair por outros orifícios, além do ânus.
Minha irmã, Lúcia Maria Sobreira Lopes, que está a meu lado, neste momento, lembra que assistiu a uma cena horrível dessas e que, até hoje, lhe causa pavor...
Estudante da Escola Estadual Dr. Miguel Couto Filho, ainda cursando o Ensino Fundamental (como é denominado hoje), pediu à professora para ir ao banheiro.
Chegando lá, deparou com uma colega de outra série, que ainda vive em Varre-Sai/RJ, na maior luta com uma "bicha" vivinha da silva que saía, mas não saía, pela sua narina... A danada ia e vinha. Grande batalha! Mas a garota, enfim, conseguiu segurar firme e puxar de vez a lombriga, grande e gorda, de uns dez a quinze centímetros de comprimento!
Mais tarde, diz Lúcia, como professora do Jardim de Infância Norberto Marques, em Natividade, RJ, seu aluno disse-lhe:
- "Tia, quero fazer cocô".
Ela o levou ao banheiro, enquanto uma colega cuidava da turma para ela.
Quando tirou o shortinho da criança, viu que não se tratava de fezes e, sim, de lombrigas fininhas e vivas em enorme quantidade e que lhe parecia "uma trouxa de barbante".
Ela gritou pela diretora:
- Marlene, me socorre!
Marlene Ribeiro Pontes, a diretora, ajudou a cuidar da criança e acalmou minha irmã. Explicou tudo sobre o assunto que, para ela, não era novidade, pela sua longa experiência em Escola.
No blog http://saudeafundo.blogspot.com.br, Wésley de Sousa Câmara esclarece que:
"- Os tratamentos tradicionais de esgotos não eliminam os ovos da lombriga. Portanto, vão parar nos rios, o que aumenta a importância de consumir água bem tratada, filtrada ou fervida.
- O congelamento não mata os ovos, assim, deve-se cozinhar ou lavar muito bem os alimentos congelados!
- Higiene pessoal (lavar sempre as mãos e não colocá-las na boca).
- Lavar bem as frutas, verduras e legumes.
- Evitar o consumo de alimentos tratados com estercos animais.
- Tratar os doentes, evitando que eles contaminem outras pessoas".
Segundo Wésley, os sintomas podem ser:
- "febre;
- inflamação intestinal que leva à diarréia com muco e sem sangue;
- cólicas intestinais;
- má digestão;
- emagrecimento e anemia (pois o verme consome parte dos nutrientes ingeridos);
- obstrução intestinal (principalmente em crianças);
- tosse;
- aumento na produção de muco nasal;
- pneumonia parasitária e crises asmáticas".
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