Aquele homem foi se dando conta que era preciso limpar armários e gavetas.
Ele ainda estava bem, mas pela sua idade já avançada, imaginava não ter mais muito tempo de vida.
Aposentado, viúvo, com os filhos casados, ele arrumou o seu canto. Queria ler, escrever, rezar e ter tempo para visitar os poucos amigos que lhe restavam.
Gostava de passear pelo parque e, no final da tarde, tomar um café expresso pingado.
Foi se conscientizando de que o tempo passava e começou a agir.
Começou a limpar gavetas e armários. Queimou cartas e anotações. Telefonou para pessoas que lhe tinham causado dificuldades. Pediu perdão e perdoou. Escreveu cartas para os filhos que só seriam lidas depois de sua morte.
Seu quarto de dormir foi se assemelhando ao de um monge.
Continuou a viver, mas livre de tudo o que se vai acumulando quase sem querer.
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
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Gostei da postagem!
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