sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

MIZINHO





    Mizinho é seu apelido. Desconheço o seu nome. Falo no presente porque desejo que ele esteja vivo, bem de saúde e muito bem sucedido na vida.

    Foi nosso vizinho a partir de 1956, quando fomos  morar ao lado de sua casa, perto do Ribeirão.
   Sua casa era a casa de seus avós: dona Sebastianinha (conhecida por Bastianinha canela-de-ferro) e seu Oscar, já idoso, aposentado pelo Instituto Brasileiro do Café (IBC).
   Ele era neto de um deles. Não sei de qual. O sei que é que Mizinho, volta e meia, vem à minha lembrança... De repente, sem bater à porta, ele se faz presente.
   Que menino bom! Teve um papel muito importante na minha vida de criança: na casa onde trabalhava,arranjava livros emprestados para eu ler . Devo muito a ele. Jamais teria lido as lindas estórias infantis sem sua ajuda.
    Aliada à lembrança de Mizinho, surgem as cartas que eu escrevia, a pedido de dona Bastianinha, para seu filho que estava no Exército.
   Todos os meses eu escrevia uma carta para o "Fio" que era como ela o chamava.
    Ao ler e entregar-lhe a carta, ela me presenteava com um ovo de galinha. Uma carta por um ovo
    As cartas da Bastianinha lembram-me o filme brasileiro "Central do Brasil" que até concorreu ao Oscar nos EUA. 
      
    "No filme, Dora (a atriz Fernanda Montenegro), 
escreve cartas para analfabetos na Estação Ferroviária 
Central do Brasil, no Centro da cidade do Rio de 
Janeiro, RJ. O pagamento lhe é feito com dinheiro.
    Nos relatos que ela ouve e transcreve, surge um Brasil 
desconhecido e fascinante, um verdadeiro panorama da 
população migrante, que tenta manter os laços com os 
parentes e o passado."


   Quando recebia carta do filho, 
era eu que lia para ela. Até que um 
dia "Fio" veio visitá-la e quis me conhecer. Quanta atenção a dele!
   E o Mizinho? Foi responsável por eu haver criado o 
hábito da leitura. 
   Mais tarde, li todos os livros que pude pegar emprestados.
   Em Tombos, MG, minha professora Marilze Salles (Marilze mesmo?) emprestou-me toda a sua coleção de Machado de Assis. Era intelectualmente imatura para conhecer a obra de Machado. Veja só! Conhecer a Literatura Brasileira a começar pelo nosso maior e mais respeitado escritor - Machado de Assis!
   Depois, li lindos e maravilhosos romances 
que me foram emprestados por Margarida Nilza Ramos,
Edy Vargas de Oliveira Bândoli, Elza Gorini e Maria Luiza Ramos Sobreira.
   Esta última, emprestou-me toda sua coleção do escritor gaúcho Érico Veríssimo (pai de Luiz Fernando Veríssimo, escritor de tanto 
sucesso nos dias atuais).
           Nem imaginem o quanto foi importante ter lido jornais, livros e ter feito as palavras cruzadas que vinham nos jornais que meu pai assinava! É que só aos dezesseis (16) anos de idade fui possuir um dicionário... 
   Minha professora do Curso Primário, Maria Nilda Ramos Badaró, certa vez organizou grupos de alunos   para consultar dicionário dos poucos colegas que dispunham de um em casa. Meu grupo foi à casa da colega de turma Maria Helena Poly e lá manuseamos o velho dicionário adquirido por seu avô, Bernardino de Oliveira Santos que fora grande amante da leitura.
   Meu vocabulário é parco em decorrência disto. Fica, sempre, uma sequela...  Tenta-se superar as deficiências  mas alguma marca permanece.

2 comentários:

Batista Santos disse...

Boa noite, Terezinha.

Obrigado pela visita - já retribuindo, te desejo um NATAL de paz, união e saúde - também um ANO NOVO cheio de realizações.

Abraço.
Batista.

Thiala disse...

Olá Terezinha!

Parabéns pelo blog, adorei!!

Uma bjok